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Kleber Mendonça estreia longa em Roterdã

Aos poucos a organização do 41º Festival Internacional de Cinema de Roterdã (IFFR), na Holanda, vinha divulgando informações sobre sua seleção competitiva de 2012, que acontece entre 25 de janeiro e 5 de fevereiro. Ontem foi publicada a lista final com os 15 filmes de diversos países que irão concorrer ao troféu Tigre, e Pernambuco foi contemplado com a inclusão do primeiro longa-metragem de […]

Por Luiz Joaquim | 12.01.2012 (quinta-feira)

Aos poucos a organização do 41º Festival Internacional de Cinema de Roterdã (IFFR), na Holanda, vinha divulgando informações sobre sua seleção competitiva de 2012, que acontece entre 25 de janeiro e 5 de fevereiro. Ontem foi publicada a lista final com os 15 filmes de diversos países que irão concorrer ao troféu Tigre, e Pernambuco foi contemplado com a inclusão do primeiro longa-metragem de Kleber Mendonça Filho, “O Som ao Redor” – lá registrado com o título internacional “Neighbouring Sounds”, e com o curta-metragem “Praça Walt Disney”, de Sérgio Oliveira e Renata Pinheiro.

A sinopse publicada no site do festival, explica que “O Som ao Redor”, em 100 minutos, “expande-se num tema presente no curta-metragem ‘Eletrodoméstica'”. Acontece numa rua de classe média (em Setúbal, Recife), onde uma família rica possui muitas moradias ali. Aquele universo, entretanto, vai sofrer uma reviravolta quando seguranças particulares oferecem seus serviços ao habitantes locais. Apesar da presença destes homens sugerir segurança, ela também soma a ansiedade de uma cultura que segue seu rumo pautada pelo medo.

Tendo passado os últimos dias no Rio de Janeiro, mais especificamente “internado” na Megacolor, laboratório onde tratava da correção de cor de “O Som ao Redor”, Kleber ainda está “dormente” com a ideia de lançar seu longa em Roterdã. “Depois de trabalhar tranquilamente por mais de um ano na montagem do filme, tive que, quando surgiu o convite do festival em dezembro, me decidir se dizia ‘sim’ e amargava uma correria com toda a finalização do processo do filme, ou dizia ‘não’ e permanecia no mesmo ritmo já vinha seguindo”, recorda.

Ele não é um estranho no festival holandês. Em 2007 (ano em Cláudio Assis saiu de lá com o Tigre de melhor filme por “Baixio das Bestas”), o IFFR realizou a exibição de uma coletânea de seus curtas-metragens, e em 2010 Kleber e a produtora Emilie Lesclaux tiveram o apoio do fundo Huppert Bals para o projeto “O Som ao Redor”. O Huppert Bals oferece ajuda no desenvolvimento do roteiro, na produção digital, na pós-produção ou distribuição do trabalho, além de oferecer a quantia de 302.500 mil Euros para projetos de 16 países da Ásia, África e América Latina.

“Festivais com Roterdã, Berlim e Cannes incentivam o cinema com o interesse que os filmes sejam feitos. Estes festivais criam uma espécie de aquário onde eles mesmo pescam. É comum saírem diretores que fizeram residência neles. Eles têm projetos do mundo inteiro e são muito sinceros, não necessariamente selecionando filmes para a competição caso não gostem do resultado”, explica Kleber, que não sabe quando o público no Brasil terá a oportunidade de assistir “O Som ao Redor”.

Ainda do Brasil, “Sudoeste”, de Eduardo Nunes (já exibido no 39º Festival de Gramado), também está no páreo pelo Tigre. Sobre sua primeira exibição pública em agosto de 2011, chamamos atenção nesta Folha de Pernambuco para o som poderoso e a deslumbrante fotografia em P&B (CinemaScope) de Mauro Pinheiro, que deixa um gosto estranho (bom) na boca. Um gosto de quem está diante de um alienígena, dentro da atual cinematografia brasileira.

“Sudoeste” é talvez um irmão menos robusto (do ponto de vista narrativo) de “Lavoura Arcaica” (2001), de Luís Fernando Carvalho, que não por acaso também traz Simone Spoladore no elenco. E, na época, ressaltamos: “o filme ainda deverá fazer muito barulho bom, dentro e fora do Brasil”. Na mostra paralela de Roterdã, a “Spectrum”, será exibido “Rua Aperana”, de Júlio Bressane, anunciado como “um musical sobre uma rua no Rio de Janeiro, montada com fotografias e filmes pessoais de Bressane feitas entre 1957 e 2005”. Entre os curtas-metragens, o Brasil está lá com curitibano “Ovos de Dinossauro na Sala de Estar”, de Rafael Urban.

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