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Festivais

16º Cine-PE (2012) – dia 2, longa

Jovens entre o paraíso e o inferno

Por Luiz Joaquim | 27.04.2012 (sexta-feira)

Em seu segundo longa-metragem, “Paraísos Artificiais”, o diretor carioca Marcos Prado mostra interesse pela cultura jovem, sugerindo um estudo sobre as escolhas disponíveis para a juventude da classe média atual, tratando de temas como sexo, drogas e relacionamentos familiares desfeitos. Seu filme será exibido hoje, às 21h, no Cine PE (Teatro Guararapes – Centro de Convenções), com ingressos por R$ 8 e R$ 4 (meia).

O primeiro longa-metragem de Prado foi o premiado “Estamira” (2004), documentário que dedicou atenção a uma mulher que morou vinte anos num aterro sanitário no Rio de Janeiro. Depois, Marcos atuou como produtor em dois sucessos recentes do cinema nacional: “Tropa de Elite” (2007) e a sequência, lançada em 2010 – os dois dirigidos por José Padilha. “Esses dois filmes me deram mais experiência. Estar num set de filmagem, na imensidão de uma produção grande, me deu segurança e noção de tudo o que acontece nos bastidores de um filme”, diz Marcos.

Seu novo trabalho, que tem estreia prevista no circuito comercial para a próxima sexta-feira (4 de maio), fala sobre a comunidade jovem da classe média que agora tem acesso a novos tipos de drogas. “Neste filme eu quis abordar a temática jovem”, comenta o diretor. “Eu pretendia levantar questionamentos sobre as novas drogas sintéticas que são consumidas em grande quantidade pelos jovens. Saiu recentemente um relatório da ONU dizendo que o consumo de drogas em geral se manteve, mas aumentou muito a procura por drogas sintéticas e remédios tarja preta. Então eu fiz esse filme para tentar entender quem é esse jovem de 16 a 20 anos, em que situação comportamental ele se encontra para recorrer a esses produtos”, comenta Prado.

Para fazer essa espécie de análise de uma determinada classe social, Prado colocou no roteiro um drama familiar e histórias de amor, sugerindo o contexto dos jovens a partir de assuntos como a passagem para a vida adulta, as descobertas sexuais e o desespero dos pais. “O jovem de hoje tem mil opções a serem escolhidas. Há muito mais dúvidas do que na minha geração. Eles são muito criticados durante a semana, então no fim de semana potencializam, exageram, vivem intensamente”, ressalta Prado, lembrando as cenas filmadas no Rio de Janeiro, Amsterdã, e ainda Recife, na Praia do Paiva. É esse o ponto de partida na intensa relação entre Nando (Luca Bianchi), Érika (Nathalia Dill) e Lara (Lívia de Bueno), numa festa com álcool, drogas e sexo, ao som de música eletrônica.

Neste primeiro longa-metragem de ficção, Prado trabalhou com uma equipe escolhida por ele mesmo (o cineasta convidou parte da equipe técnica de “Tropa de Elite”). Sobre os atores, o diretor explica: “Eu já escutei como exemplo, e concordo, que dirigir é como ser técnico de futebol. Quem joga mesmo são os jogadores. Por isso acho que o elenco é muito importante”. “Não escrevi o roteiro pensando em alguém específico. Por isso no filme tem muitos atores e atrizes desconhecidos, a não ser por uma, Nathalia Dill, porque eu também queria me resguardar. Esses atores sofreram muito. A preparadora de elenco, Fátima Toledo, que foi a mesma dos dois ‘Tropa de Elite’ e também ‘Cidade de Deu’, usou um método muito visceral. Ela faz com que os atores experimentem as mesmas sensações dos personagens na ficção”, explica Prado, que avisa: “Espero então mostrar ao público do Cine PE, através desses personagens, com realismo e de forma sensorial, quem é esse jovem do novo milênio”.

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