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Festivais

23o. Fest de Curtas SP (2012) – dias 2 e 3

Pernambucanos brilham em SP

Por Luiz Joaquim | 27.08.2012 (segunda-feira)

SAO PAULO (SP) – É revigorante, do ponto de vista da atualização de idéias e de possibilidades estéticas cinematográficas, o que o 23o Festival de Curtas-Metragens de São Paulo faz ao disponibilizar seus filmes. Neste gigantesco pacote de títulos mundiais, com quase 400 filmes, a produção pernambucana brilhou nesse fim de semana com quatro títulos locais e mais um afetivo.

Este último é o belo e feminino “Quinha”, dirigido pela paulista Caroline Oliveira, mas rodado e produzido pela Rec Produtores, e estrelado por Hermila Guedes. Além de “Dia Estrelado”, de Nara Normande, da safadeza existencialista vista em “A Vida Plural da Layka”, de Neco Tabosa, o Festival proporcionou a primeira exibição no Brasil de “Porcos Raivosos”, de Leo Sette e Isabel Penoni, e a primeiríssima exibição pública de “A Vida Noturna das Igrejas de Olinda”, de Mariana Lacerda.

Mariana, que em “Menino Aranha” (2008) questionava a ideia da segurança vertical no Recife a partir da história do menino Tiago João da Silveira, agora vai a Olinda também interessada em questões urbanas. Mas, desta vez, seu foco está no patrimônio arquitetônico e chama nossa atenção nos colocando dentro de igrejas olindenses.

Mariana recria essa ambiência basicamente por um audacioso e corajoso desenho de som para 5.1 canais em que vozes ora se sobrepõem ora se alternam pelas caixas acústicas frontal esquerda, central, frontal direita, surround direita e surround esquerda. Nesse balé de vozes, escutamos texto tanto em tons mais descritivos da história da formação de Olinda quanto outros mais dramatizados.

Do ponto de vista da fotografia, os responsáveis Felipe Reinheimer e Marcelo Larceda repetem o mesmo virtuosismo de movimentos visto em “Menino Aranha”. E no final, Mariana nos reserva uma surpresa poética e plasticamente encantadora que certamente fará “A Vida Noturna…” ter uma longa carreira em festivais de cinema.

Já “Porcos Raivosos” remete a “As Hiper-Mulheres”, longa-metragem co-dirigido por Sette, mas apenas pelo fato do protagonismo aqui ser indígina e feminino. No curta, a dramatização das índias preocupadas com seus homens que “viraram porcos” tem a mão segura da dupla de diretores, e imprime uma qualidade cinematográfica sugerindo um contraste interessante de “o que se vê” com o “como se vê”.

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