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Críticas

Invasão à Londres

A casa, do parlamento inglês, caiu

Por Luiz Joaquim | 09.04.2016 (sábado)

E bastante boba, risível inclusive, essa co-produção “quebra-tudo” entre a Grã-Bretanha e os EUA e a Bulgaria, Invasão à Londres (London Has Fallen, GB/EUA/Bul., 2016) que chegou ontem aos cinemas do País.

A bobagem reside não apenas nas artimanhas do roteiro para criar uma cansada estrutura de gato (bandido) caça rato (mocinho) do início ao fim, sem que nunca o rato titubeie sobre sua capacidade de se safar, por mais absurda e mínima que seja sua possibilidade de êxito.

O enfado aqui também ganha fôlego quando nos damos conta de que, pela enésima vez, Hollywood insiste na construção heróica, quase mitológica, sobre a figura do todo poderoso Presidente dos EUA (desta vez vivido por Aaron Eckhart; não terá ele já sido presidente pelo cinema?). Aqui seu nome é, olhem só, Benjamin.

Junto a ele, está seu fiel guarda-costas Mike (Gerard Butler), personagem que, também seguindo uma espécie de cartilha hollywoodiana, é construído como o herói que está decidido a pedir a aposentadoria do emprego estressante para dedicar-se à esposa grávida, esperando o primeiro filho.

Entretanto, terroristas internacionais (quem mais seriam os vilões nos anos 2010 em Hollywood) forjam um acidente em Londres, o que leva até lá as principais autoridades das maiores potências do mundo à capital inglesa para uma cerimônia.

É quando entra outra especialidade do cinemão gringo, também já cansada aos olhos do espectador, com a destruição de pontos turísticos londrinos, como o prédio do parlamento, o Palácio de Westminster, ou a Tower-Bridge.

Com a ordem mundial em risco, Mike resolver adiar a aposentadoria e liderar a segurança do todo poderoso durante a viagem. A ação começa já no desembarque em Londres, quando fica evidente a emboscada e, por circunstância da violência, Mike é o único que pode proteger o Presidente, enquanto ambos, sozinhos naquela cidade sitiada, tentam fugir a pé de centenas de terroristas armados com alta tecnologia.

A perseguição vai até o fim do filme, cuja conclusão o espectador não precisará refletir a respeito desse desfecho.

Aos brasileiros – Não há, entretanto, como assistir Invasão à Londres, sendo o espectador um brasileiro razoavelmente informado sobre as atuais tensões políticas do Pais, sem criar relações com a postura do vice-presidente em exercício ali no filme – vivido por Morgan Freeman, podemos dizer, aqui rebaixo, uma vez que já foi ele o próprio presidente americano em Impacto profundo (1998)

As ilações, no caso cômicas, com o que se vê no filme e o atual estado da política brasileira, ficam por conta da amizade e cumplicidade mostrada entre o presidente norte-americano com seu vice-presidente.

Trazendo a mesma circunstância absurda do filme para a realidade do Brasil, com vice-presidente e presidenta publicamente reconhecidos como inimigos políticos por aqui, a tal aventura cinematográfica geraria, nesse contexto, uma tragicomédia. Quase tão absurda como a que vemos nos noticiários da mídia corporativa e tristemente tendenciosa.

Dirigida por Babak Najafi, este Invasão à Londres vale uma observação àqueles siderados por efeitos especiais no cinema. Atente a primeira explosão do filme, aplicada a um carro. O efeito é ruim, pobre, por se mostrar visualmente não-crível. O que é um problema, sendo esta a primeira cena de ação do filme.

Em seu decorrer, Invasão à Londres retoma o tradicional talento para explosões e destruições de cidades inteiras.

Um último ponto. Este positivo. Diz respeito aquilo que, dizemos com pouca margem de erro, ser a única circunstância cinematográfica interessante aqui. Ela se dá num tiroteio de fogo cruzado numa rua estreita, pela qual a câmera em travelling transita como que flutuando entre mocinho e bandido, nos dando uma sensação espacial tensa e realista do confronto.

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