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13. CineOP (2018) Nova Hist. do Cine Brasileiro

Está chegando um livro que deverá reestruturar a compreensão historiográfica do cinema brasileiro. Atente

Por Luiz Joaquim | 17.06.2018 (domingo)

– na foto de Beto Staino, Guiomar Ramos, Sheila Schvarzman, o mediador José Geraldo Couto, Luciano Ramos, João Luiz Vieira. 

OURO PRETO (MG) – Há sempre ao menos um volume interessante, entre vários lançamentos de livros também muito interessantes, no CineOP: Mostra de Cinema de Outro Preto. Nesta 13ª edição há pelo menos um deles que não é só interessante, mas fundamental. Trata-se do Nova história do cinema brasileiro (edições Sesc). Trabalho de fôlego que tomou cerca de quatro anos dos organizadores Fernão Ramos e Sheila Schvarzman.

Para tal lançamento – na verdade o livro será lançado ao final deste junho –, houve inclusive um debate aqui no CineOP (na tarde de sexta-feira, 15) mediado pelo crítico José Geraldo Couto, com a participação de Schvarzman e autores de três artigos incluído nos dois volumes da publicação. Foram eles Guimar Ramos, Luciano Ramos e João Luiz Vieira.

Schvarzman, que é professora da Universidade Anhembi Morumbi (SP), introduziu a conversa apresentando, a partir da projeção do sumário do livro, aspectos historiográficos que ganharam uma nova perspectiva com a reunião de novas fontes de pesquisa. “Por que uma ‘nova história’?”, colocou a organizadora.

“Não seria interessante hoje reeditar o livro referência, de 1987, ‘História do Cinema Brasileiro’, também de Fernão Ramos. Daí procuramos atualizá-lo por meio também de um tratamento mais diversificado sobre essa perspectiva, incluindo questões de gênero e raça”, explicou Schvarzman.

Ela já iniciou ressaltando que, por exemplo, “aquilo dos ‘Ciclos Regionais’ acabou”. A pesquisadora lembra que quando se falava dos ‘Ciclos’ o foco eram os filmes de ficção. “E sabemos que havia o chamado cinema de ‘cavação’, propagandas e outro documentos formando o cinema silencioso brasileiro”.

Nesse sentido, o capítulo escrito pela pesquisadora pernambucana, Luciana Corrêa de Araújo, por exemplo, avalia a produção silenciosa de seu Estado entre 1900 a 1930, e não pautado pelo estabelecido Ciclo do Recife (1923 a 1931). Como é também o caso dedicado ao cinema silencioso mineiro daquele período, quando o cineasta Aristides Junqueira ganha uma nova leitura, antes mesmo da já histórica importância de Humberto Mauro paro Minas Gerais.

“A chegada do cinema sonoro também ganha novas nuances analíticas, assim como temos também um capítulo em que é avaliado o impacto do Instituto Nacional de Cinema Educativo – INCE (1937-1966)”, ressalta a organizadora.

Scheila Schvarzman , co-organizadora do livro, em foto de Beto Staino

João Luiz Vieira, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense, que já havia assinado um artigo na edição de 1987, retorna ao seu mesmo texto na nova edição mas atualizando-o. No artigo revisto, sobre a Chanchada, o professor contextualiza uma internacionalização daquele período e traz aspectos do circuito exibidor de então para melhor compreendermos a força das produções da Atlântida, entre outras.

“Tentamos transitar do panorâmico geral para o close up. Há hoje uma nova geração de autores, com metodologia mais atualizada, de modo que conceitos foram ampliados e nuançados, cuja proposta era trazer desafios intelectuais contemporâneos para a nova edição. Inclusive incluindo uma grade geográfica no livro”, conta João Luiz.

E continua: “Afinal, nos últimos 34 anos, entre a edição anterior e a atual, como deveríamos lidar com o conhecimento sobre o contexto tecnológico da época que estamos avaliando?”.

Já a professora e pesquisadora Guiomar Ramos conta que o plano foi fazer um passeio pela trajetória do cinema experimental no Brasil, desde Pátio (1959), de Glauber Rocha, passando pelos Super-8, com um olho no que Rubens Machado apresentou na Marginália 70 e Arlindo Machado nos trouxe em seu Made in Brasil.

“Aqui, estamos pontuamos tudo isso num mesmo livro, fazendo também análise fílmica, nos concentrando nas obras de quatro realizadores: Jairo Ferreira, Arthur Omar, Aloysio Raulino e Carlos Adriano”, adiantou.

Em seu capítulo, Luciano Ramos condensou pontuações de sua tese de doutorado (que foi orientada pelo Fernão Ramos) para destacar o protagonismo do produtor Oswaldo Massaíni e sua Cinedistri. “Ele chegou a produzir 211 filmes, entre estes A morte comanda o cangaço; Absolutamente certo e O pagador de promessas”.

Luciano lembrou da longevidade da Cinedistri, que foi derivada da Cinédia, criada em 1930, e segue até hoje. “Massaíni começou a trabalhar com 17 anos, na Columbia e esteve ao lado do Adhemar Gonzaga no lançamento de O ébrio. Ele foi o executor da distribuição deste filme, considerado até hoje um fenômeno de bilheteria”, lembrou o pesquisador, que entrevistou cerca de 50 pessoas envolvidas com a Cinedistri. “E por que isso não foi estudado antes?”, concluiu Luciano, provocativo.

Schvarzman deu uma dica a professores. Adiantou que aqueles que fizerem a compra do livro pelo site do Sesc (link aqui) poderão ter até 50% de desconto.

– Viagem a convite da Mostra

 

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