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Críticas

Legalmente Loira

A força do amarelo

Por Luiz Joaquim | 30.08.2022 (terça-feira)

– texto originalmente publicado no extinto site Tô na Boa, em 7 de novembro de 2001

Uma loira caminha pela calçada choramingando enquanto seu ex-namorado, que acaba de romper o relacionamento com ela, segue ao seu lado num conversível, pedindo para que ela entre no carro. Ela, fazendo biquinho, nega veementemente. Várias súplicas depois, ele diz: “Elle (Reese Witherspoon), é melhor deixar eu lhe levar para casa de carro, ou você vai estragar seu sapato”. Ela pára. Desmancha o bico. Pensa um pouco e entrar no carro do ex-namorado. Essa é apenas umas das ótimas seqüências que Legalmente Loira (Legallt Blonde, EUA, 2001), estreando nessa sexta (9) nos multiplex, reserva com sadios momentos de gargalhada e instantes de reflexão. Tudo bem que nada é tão profundo assim mas a abordagem é sóbria o suficiente para não fazer feio aos cinéfilos mais exigentes.

Elle é uma típica garota da ensolarada costa oeste norte-americana que, depois de sofrer o choque da  rejeição de seu quase noivo, toma uma atitude radical. Começa a estudar para entrar no curso de direito em Harvard – universidade para onde foi seu amado. Esse é o mote que dá todo um leque de ganchos para exacerbar o preconceito contra as loiras e o estigma de burras que a sociedade lhe impõe. Witherspoon, como sempre, está perfeita. É a alma do filme, sustentado por um roteiro afiado e pela direção enxuta de Rubort Lucket.

DOR – Se a profundidade é rasa em Legalmente Loira, em Tempo de Embebedar Cavalos (Zamani Barayé Asbha, Irã, 2000) o espectador deve tomar cuidado. Se não quiser passar por uma experiência na qual será submetido a exposição de uma circunstância miserável vivida na fronteira entre o Irã e o Iraque. É lá que cinco irmãos pequenos lutam contra às intempéries da vida e procuram trabalho para suprir a dívida deixada pela mãe falecida. O filme é um retrato cru e cruel sobre a ausência da infância para algumas crianças. Uma realidade não tão distante daquele que ira ver o filme no Cinema da Fundação (onde o filme estréia nesse sábado 10).

Voltando ao multiplex, entra em cartaz Caramuro – A Invenção do Brasil (Brasil, 2001). Segunda investida de Guel Arraes no cinema. Bom… digamos que é a segunda investida de Guel na adaptação de uma produção feita originalmente para TV que vai parar na tela do cinema. Isso já adianta bastante o que se pode esperar dessa obra – não-perto de ser chamada de cinematográfica, se considerarmos aspectos de estética. De qualquer forma, o público sempre acha legal ver globais na telona. Vale o aviso que o trabalho aqui não é tão envolvente quanto o primeiro O Auto da Compadecida.

Ainda tem no multiplex Olhos Famintos (Jeepers Creepers, Alemanha/ EUA, 2001). Filme de terror juvenil, dirigido por Victor Salva e trabalhado pela produtora American Zoetrope (entre outras) que pertence ao grande Francis F. Coppola.  Aqui, um casal de irmãos em viagem vêem tubulação perto da estrada. No local, descobrem corpos. Passam a ser perseguidos por uma estranha criatura.

Tem mais uma estréia nos complexos de cinema da cidade. Esse outro é programa atraente. Chama-se A Conspiração (The Contender, EUA, 2000). Só o elenco já vale uma olhada. Estão lá Gary Oldman, Joan Allen, Jeff Bridges, Christian Slater, Sam Elliott. Quem dirige a todos é Rod Lurie. O assunto é a política norte-americana. Mas não se assuste com o tema. A trama pode soar sem graça, mas a condução da narrativa é competente. Uma senadora, após morte do vice-presidente dos EUA, é escolhida para assumir o cargo. Ela enfrenta reviravoltas no seu passado e pressões de opositores para desistir da idéia de ser a mulher mais poderosa do mundo.

Enquanto isso, no sábado (10), às 21h30 no Cinema da Fundação, acontece a pré-estréia de Hedwig – Rock, Amor e Traição (Hedwig, EUA, 2000). Filme de estréia do ator John Cameron Mitchell na direção e autoria do roteiro (além de atuar como protagonista). O longa foi a sensação alternativa do ano pelo mundo. Levou dois prêmios no último Sundance.

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