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Festivais

3o. Janela (2010) – Trilogia do Dólar

Os heróis são do mal

Por Luiz Joaquim | 13.11.2010 (sábado)

Hoje, às 20h30 no cinema São Luiz, o 3º Janela Internacional de Cinema do Recife exibe o primeiro dos três filmes do italiano Sergio Leone (1929-1989) que ficaram conhecidos como “A Trilogia do Dólar”. Talvez alguns recifenses nem percebam o valor de ter reunido hoje, em 2010, nesta cidade, dois tesouros do cinema, como o são o palácio da rua da Aurora em si, e o filme “Três Homens em Conflito” (Il Buono, Il Bruto, Il Cativo, 1966), com Clint Eastwood, Lee Van Cleef, Eli Wallach, como o bom, o mal e o feio, respectivamente.

Antecedido por “Por Um Punhado de Dólares” (1964, que exibe segunda-feira, às 17h) e “Por Uns Dólares a Mais” (1965, que exibe quinta-feira, às 18h30), “Três homens…” narra a busca por um tesouro num cemitério, cujo mapa está dividido em três. Com cada uma das partes sob o domínio de cada um deles, sendo a graça as várias tentativas que um bola para trapacear o outro.

Pois foi com essa simples situação (e algumas variações) que Leone mudaria para sempre a forma de se fazer faroeste no cinema. Aqui, o que importava não era a justiça, mas a malandragem. E os heróis, não eram homens sérios, mas bandidos egoístas, violentos, deselegantes, feios e, acima de tudo, infiéis.

É verdade que antes a Itália já havia produzido os chamados “spaghetti western”, ou seja, faroestes que almejavam a dramaturgia dos originais americanos, mas não passavam de caricaturas que, por definição, eram apenas cômicas.

Mas já Leone, e sua trilogia, deu ao gênero um status e uma nobreza internacional, interferindo até no olhar de Hollywood para suas novas produções. Credite-se a isso uma imposição estética particular, na qual a velocidade narrativa era mais reduzida, mais contemplativa que a dos clássicos americanos. É também marca sua, e nunca mais esquecida pelo cinema, a alternância de super-closes no rosto dos atores contra planos abertos enormes em sequência.

Como se não bastasse, os filmes trazem a colaboração de um outro gênio, esse da música, Ennio Morriconne, 82 anos, autor e executor da trilha sonora do filme, hoje indissociável do cinema, mas que parecem sempre ter existido. É com muita pouca margem de erro, acredito, que arrisco dizer: ao soar os primeiros acordes hoje à noite da melodia de “Três Homens em Conflito”, alguns urros serão escutados lá da platéia do velho e lindo cine São Luiz.

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