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Festivais

21o. Cine Ceará (2011) – abertura

Festival abre de cara e corpo novo

Por Luiz Joaquim | 08.06.2011 (quarta-feira)

Uma nova casa recebe o 21o Cine Ceará: Festival Ibero Americano, que inicia às 19h de hoje em Fortaleza já com a projeção de um dos nove longas-metragens em competição: “O Coro”, do realizador curitibano Werner Schumann (não confundir com o ator gaúcho Werner Schunemann). A nova casa, o Theatro José de Alencar, tem 101 anos, possui menos assentos que a sede original do festival – o Cinema São Luiz (hoje em obras) na Praça do Ferreira – mas, em compensação, esbanja charme.

Como se não bastasse a novidade, esta edição do festival promete entrar para a história por também acontecer simultaneamente em Juazeiro do Norte (a partir de amanhã), a 514 quilômetros da capital cearense. Lá será em dois lugares: no Memorial Padre Cícero e no Centro Cultural Banco do Nordeste. E, entrado em comunhão com o centenário da emancipação política deste município ao sul do Estado, o Cine Ceará dedica seu tema à religião e religiosidade no cinema.
Outra novidade diz respeito ao acesso para ver os filmes. Ao contrário dos anos anteriores, quando para conseguir os ingressos era necessário trocá-lo por alimento não-perecível, agora basta reservar o ingresso gratuitamente.

Mas como nenhum bom festival de cinema funciona sem bons filmes é importante falar da aposta radical da produção capitaneada por Wolney Oliveira, diretor do Cine Ceará, que a partir de 2006 tornou o evento ibero-americano.

Assim sendo, sua platéia pôde, pela primeira vez no Nordeste, ver tanto filmes produzidos por radicais e consagrados realizadores espanhóis e/ou portugueses – como “Transe” (2007) e “Body Rice” (2007) – ambos com o dedo do português Paulo Branco -, mexicanos (Carlos Reygadas com “Luz Silenciosa”, 2008) ou excelentes promessas da Argentina, como Rodrigo Moreno (“El Custodio”), vencedor em 2006.

Sem falar na interessante disponibilização de obras (algumas boas, outras não) vindas da Venezuela, Costa Rica, Equador e de outros países que não temos acesso nem em festival gigantes como a Mostra Internacional de SP ou o Festival Internacional do Rio.

Em 2011, a seleção dos nove longas em competição também contempla essa diversidade e, o melhor, acenando para a boa qualidade. Do Brasil, além de “O Coro” – que sintetiza a sociedade curitibana a partir de um orquestra sinfônica -, concorrem ao troféu Mucuripe “Homens com Cheiro de Flor” e “Mãe e Filha”, dos cearenses, respectivamente, Joe Pimentel e Petrus Cariri.

Pimentel acompanha três pistoleiros para falar de crenças, desejos e valores da região. Já Petrus olha para relação entre as duas mulheres do titulo, que após longa separação se reencontram no Sertão num casa e lembranças em ruínas. Os outros trabalhos vêm da Columbia, Cuba, Argentina, México e da Espanha. Este último comparece com o único documentário em competição.

É “Bicicleta, Maçã, Colher”, de Carles Bosch, que já chega com o prêmio Goya 2011 (Oscar espanhol) de melhor documentário, ao investigar a doença de Alzheimer. Outro espanhol é “Pássaros de Papel”, de Emilio Aragon, sobre um grupo de artistas de vaudeville que tenta sobreviver nos anos após a Guerra Civil espanhola.

“Assalto ao Cinema”, da jovem mexicana Iria Gómez, mostra quatro adolescentes que brincam com a idéia de roubar uma sala de cinema para emoldurar sua amizade. Já “Todos os Teus Mortos”, do colombiano Carlos Moreno – melhor fotografia em Sundance 2011 -, deve causar impacto ao mostrar um camponês que, certa manhã, encontra vários cadáveres em sua plantação de milho.

O argentino “Língua Materna”, de Liliana Paolinelli, fala da superação de uma senhora ao descobrir que sua filha, de 40 anos, é lésbica. De Cuba, “Bilhete para o Paraíso”, de Gerado Chijona, nos leva a 1993 quando uma adolescente foge do assédio sexual de seu pai.

A mostra competitiva de curtas-metragens oferta 12 produções brasileiras, algumas inéditas, outras não, e nenhuma de Pernambuco. Completam a programação do 21o Cine Ceará as mostras paralelas Begiradak: Olhares ao Cinema Basco; Olhar do Ceará; a mostra homenagem Estela Bravos (dos EUA); e a mostra Eduardo Coutinho, com cinco de seus filmes, incluindo o clássico “Cabra Marcado para Morrer”, 1984. Outros homenageados são Giula Gam, Daniel de Oliveira, Nicette Bruno e Silvia Buarque. Você poderá a acompanhar a cobertura de todo o 21o Cine Ceará no CinemaEscrito.

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