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Críticas

Déjà Vú

Uma máquina do tempo com muita ação

Por Luiz Joaquim | 17.09.2018 (segunda-feira)

– publicado originalmente em 19 de Janeiro de 2007 de  no jornal Folha de Pernambuco

O cinema manipula o tempo, ou o esculpe, como diria o cineasta russo Andrei Tarkoviski. A abertura de Déjà vu (EUA, 2006), de Tony Scott, dá um exemplo interessante, entre vários, de como essa escultura se processo no cinema. Pela manhã, vemos um grande grupo de marinhos e civis, somando umas 500 pessoas, todos correndo para tomar uma balsa que irá explodir exatamento às 8h50.

Por intermédio da montagem de Jason Hellmann e do veterano Chris Lebenzon, Scott dá relances de intimidade das diversas pessoas daquele grupo, intercalando tomadas que dão tons sentimentais aos vários coadjuvantes. A intercalação das tomadas avança adiante, uma seguida pela outra, numa linha progressiva do tempo do espectador; mas “dentro” do filme as ações de cada um dos personagens acontecem simultaneamente.

Mas não é por essa ferramenta, a da montagem, que Déjà vu valoriza o tempo e sim pelo roteiro alucinógeno de Bill Marsilii e Terry Rossio (da série Piratas do Caribe). Tudo começa quando Doug (Denzel Washingotn), o agente policia de New Orleans, ainda com marcas do Katrina, é convocado pelo FBI para ajudar no caso da balsa.

A principal pista para chegar ao assassino (James Caviezel, como um DeNiro em Táxi driver) é o corpo de Claire (Paula Patton) encontrado no local mas que, segundo os legistas, foi morta duas horas antes da explosão. O brinquedo do FBI que vai ajudar a solucionar o caso é um equipamento secreto que, por intermédio de muita energia elétrica e uma tonelada de explicações chinfrins, pode mostrar, num determinado raio de alcance e por imagens de satélite em perfeita resolução, o que aconteceu nas últimas 108 horas.

E mais. O equipamento seria também uma “máquina do tempo”, uma vez que pode interferir neste restrito período do passado, levando alguém até lá. E como em todo filme no qual alguém viaja ao passado, a questão latente é: o que acontecerá com o presente se alguém bagunçar esse passado? Mas com a assinatura de Jerry Bruckheimer na produção e o de Tony Scott dirigindo, não vá esperar ímpetos filosóficos. O que há, é apenas o de sempre.

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