Ilha das Flores: melhor curta de todos os tempos
Votação foi promovida pela Abraccine e servirá de base para livro com Canal Brasil e Editora Livramento
Por Luiz Joaquim | 05.05.2019 (domingo)
– com informações da assessoria da Abraccine
No ano em que comemora três décadas de seu lançamento, o filme Ilha das flores, de Jorge Furtado, é eleito o melhor curta-metragem brasileiro de todos os tempos, em levantamento realizado pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) e que servirá de base para o livro Curta Brasileiro – 100 filmes essenciais, produzido em parceria com Canal Brasil e editora Letramento.
A produção gaúcha – que está disponível no Canal Brasil Play –, vencedora do Urso de Prata do 40º Festival de Berlim, em 1990, é a primeira colocada de uma lista 100 títulos, que abrange desde obras feitas em 1913 (Os óculos do vovô), de Francisco Santos, o mais antigo filme brasileiro ficcional ainda preservado, até curtas recentes como as animações Torre (2017), de Nádia Mangolini, e Guaxuma (2018), de Nara Normande.
Em segundo lugar na votação promovida pela Abraccine com críticos, professores e pesquisadores de todo o país, aparece Di (1977), de Glauber Rocha, ganhador do Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes, seguido por Blábláblá (1968), de Andrea Tonacci, A velha a fiar (1964), de Humberto Mauro, e Couro de gato (1962), de Joaquim Pedro de Andrade.
Joaquim Pedro tem quatro filmes selecionados entre os 25 primeiros colocados – além de Couro de gato, estão Vereda tropical (15ª colocação), O poeta do castelo (21ª) e Brasília, Contradições de uma Cidade Nova (22ª). O cineasta com mais produções na lista, no entanto, é Aloysio Raulino, que, como diretor, construiu um corpo de obra muito mais prolífico e marcante no curta-metragem. Cinco de seus filmes foram destacados: O porto de santos”, O tigre e a gazela, Jardim Nova Bahia, Lacrimosa, este codirigido com Luna Alkalay, e Teremos infância.
Também ganha destaque na votação a filmografia de Ivan Cardoso no formato, com quatro títulos: À Meia-noite com Glauber, Nosferato no Brasil, “HO” e Moreira da Silva. Da produção mais recente, chamam a atenção Kleber Mendonça Filho (Vinil verde, “Recife frio e Eletrodoméstica) e André Novais Oliveira (Fantasmas, Quintal e Pouco mais de um mês), cada um com três filmes.
Além dos três filmes de Kleber, outros seis filmes estão na lista: um de Nara Normande, um de Tião, um de Renata Pinheiro com Sérgio Oliveira, um de Claudio Assis, um de Benjamin Abrahão e outro de José Medina.
Além de Os Óculos da Vovô, em 53º lugar, o primeiro cinema foi lembrado com Rituais e Festas Bororo (1917), do Major Thomaz Reis, em 80º, e Exemplo Regenerador (1919), de José Medina, em 99º. Pioneiro, Humberto Mauro está presente com três trabalhos: A Velha a fiar, quarta posição, Carro de bois (1974), na 48ª, e Cantos de trabalho (1955), na 67ª.
A votação também levou em consideração os médias-metragens com até 50 minutos, produção feita em menor quantidade no país e que teve grande representatividade na lista. Entre eles estão SuperOutro (1989), de Edgard Navarro, na sétima posição. “Viramundo” (1965), de Geraldo Sarno, na 12ª, Horror Palace Hotel (1978), de Jairo Ferreira, em 41ª, e Integração Racial (1964), de Paulo Cezar Saraceni, na 81ª.
Organizado por Gabriel Carneiro e Paulo Henrique Silva, a publicação “Curta Brasileiro – 100 Filmes Essenciais” será lançada no segundo semestre de 2019. Produzida em formato de livro de luxo, contará com ensaios dedicados a cada um dos 100 títulos, escritos por autores diferentes ligados à crítica e à pesquisa de cinema. Terá ainda 20 artigos sobre a história do curta-metragem no Brasil.
“Curta Brasileiro” encerra a coleção “100 Melhores Filmes”, formada por “100 Melhores Filmes Brasileiros” (2016), “Documentário Brasileiro – 100 Filmes Essenciais” (2017) e “Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais” (2018), produzidos em conjunto por Abraccine, Canal Brasil e Editora Letramento. O de animação ainda teve a parceria da Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA) e patrocínio da Secretaria do Audiovisual.
Abaixo, a lista completa com os 100 melhores curtas-metragens eleitos pela Abraccine:
1. Ilha das flores (1989), de Jorge Furtado
2. Di (1977), de Glauber Rocha
3. Blábláblá (1968), de Andrea Tonacci
4. A velha a fiar (1964), de Humberto Mauro
5. Couro de gato (1962), de Joaquim Pedro de Andrade
6. Aruanda (1960), de Linduarte Noronha
7. SuperOutro (1989), de Edgard Navarro
8. Maioria absoluta (1964), de Leon Hirszman
9. A entrevista (1966), de Helena Solberg
10. Arraial do Cabo (1959), de Paulo Cezar Saraceni e Mário Carneiro
11. Alma no olho (1973), de Zózimo Bulbul
12. Viramundo (1965), de Geraldo Sarno
13. Vinil verde (2004), de Kleber Mendonça Filho
14. Documentário (1966), de Rogério Sganzerla
15. Vereda tropical (1977), de Joaquim Pedro de Andrade
16. Recife frio (2009), de Kleber Mendonça Filho
17. Nelson Cavaquinho (1969), de Leon Hirszman
18. Zezero (1974), de Ozualdo Candeias
19. Sangue corsário (1980), de Carlos Reichenbach
20. O dia em que Dorival encarou a guarda (1986), de Jorge Furtado e José Pedro Goulart
21. O poeta do castelo (1959), de Joaquim Pedro de Andrade
22. Brasília, contradições de uma cidade nova (1967), de Joaquim Pedro de Andrade
23. Maranhão 66 (1966), de Glauber Rocha
24. O som ou tratado de harmonia (1984), de Arthur Omar
25. Subterrâneos do futebol (1965), de Maurice Capovilla
26. Mato eles? (1983), de Sérgio Bianchi
27. Guaxuma (2018), de Nara Normande
28. Meow! (1981), de Marcos Magalhães
29. Eletrodoméstica (2005), de Kleber Mendonça Filho
30. O rei do cagaço (1977), de Edgard Navarro
31. Fantasmas (2010), de André Novais Oliveira
32. Socorro Nobre (1995), de Walter Salles
33. À meia noite com Glauber (1997), de Ivan Cardoso
34. Dias de greve (2009), de Adirley Queirós
35. A pedra da riqueza (1975), de Vladimir Carvalho
36. Memória do cangaço (1965), de Paulo Gil Soares
37. O duplo (2012), de Juliana Rojas
38. Quintal (2015), de André Novais Oliveira
39. Fala Brasília (1966), de Nelson Pereira dos Santos
40. O porto de Santos (1978), de Aloysio Raulino
41. Horror Palace Hotel (1978), de Jairo Ferreira
42. Esta rua tão Augusta (1968), de Carlos Reichenbach
43. Muro (2008), de Tião
44. Manhã cinzenta (1969), de Olney São Paulo
45. O tigre e a gazela (1977), de Aloysio Raulino
46. Cinema inocente (1980), de Julio Bressane
47. …a rua chamada Triumpho 969/70 (1971), de Ozualdo Candeias
48. Carro de bois (1974), de Humberto Mauro
49. Olho por olho (1966), de Andrea Tonacci
50. Praça Walt Disney (2011), de Renata Pinheiro e Sergio Oliveira
51. Chapeleiros (1983), de Adrian Cooper
52. Juvenília (1994), de Paulo Sacramento
53. Os óculos do vovô (1913), de Francisco Santos
54. Dossiê Rê Bordosa (2008), de Cesar Cabral
55. Lampião, o rei do cangaço (1937), de Benjamin Abrahão
56. Animando (1983), de Marcos Magalhães
57. Jardim Nova Bahia (1971), de Aloysio Raulino
58. Partido alto (1982), de Leon Hirszman
59. Torre (2017), de Nádia Mangolini
60. Mauro, Humberto (1975), de David Neves
61. Ver ouvir (1966), de Antônio Carlos Fontoura
62. Congo (1972), de Arthur Omar
63. Caramujo-flor (1988), de Joel Pizzini
64. Lacrimosa (1970), de Aloysio Raulino e Luna Alkalay
65. Palíndromo (2001), de Philippe Barcinski
66. Um sol alaranjado (2002), de Eduardo Valente
67. Cantos de trabalho (1955), de Humberto Mauro
68. O guru e os guris (1973), de Jairo Ferreira
69. Nosferato no Brasil (1970), de Ivan Cardoso
70. Mulheres de cinema (1976), de Ana Maria Magalhães
71. Kbela (2015), de Yasmin Thayná
72. A voz e o vazio: a vez de Vassourinha (1998), de Carlos Adriano
73. Libertários (1976), de Lauro Escorel
74. Meu compadre Zé Ketti (2001), de Nelson Pereira dos Santos
75. Seams (1993), de Karim Aïnouz
76. Céu sobre água (1978), de José Agrippino de Paula
77. Dov’è Meneghetti? (1989), de Beto Brant
78. Teremos infância (1974), de Aloysio Raulino
79. Texas Hotel (1999), de Cláudio Assis
80. Rituais e festas Bororo (1917), de Major Thomaz Reis
81. Integração racial (1964), de Paulo Cezar Saraceni
82. HO (1979), de Ivan Cardoso
83. Kyrie ou o início do caos (1998), de Debora Waldman
84. Pouco mais de um mês (2013), de André Novais Oliveira
85. Cartão vermelho (1994), de Laís Bodanzky
86. Um dia na rampa (1960), de Luiz Paulino dos Santos
87. Moreira da Silva (1973), de Ivan Cardoso
88. Nada (2017), de Gabriel Martins
89. Nada levarei quando morrer aqueles que mim deve cobrarei no inferno (1981), de Miguel Rio Branco
90. O ataque das araras (1975), de Jairo Ferreira
91. Enigma de um dia (1996), de Joel Pizzini
92. Amor! (1994), de José Roberto Torero
93. Menino da calça branca (1961), de Sérgio Ricardo
94. Estado itinerante (2016), de Ana Carolina Soares
95. Amor só de mãe (2002), de Dennison Ramalho
96. Carolina (2003), de Jeferson De
97. Contestação (1969), de João Silvério Trevisan
98. Guida (2014), de Rosana Urbes
99. Exemplo regenerador (1919), de José Medina
100. Frankstein punk (1986), de Cao Hamburger e Eliana Fonsec
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