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Festivais

2º Nicho Novembro (2020) – Programação

Começa o Nicho, online, com 16 filmes selecionados por Heitor Augusto que ajudam a (re)pensarmos o mundo

Por Luiz Joaquim | 09.11.2020 (segunda-feira)

Entre as diversas vozes que merecem atenção quando o assunto é cinema, a do crítico e curador Heitor Augusto é uma entre as extremamente valiosas a serem escutadas no Brasil. Não apenas pela urgência do conteúdo ao qual Heitor costuma se debruçar com mais afinco, mas também pela sua eloquência, elegância e consistência naquilo que o profissional pontua em suas colocações. Uma das maneiras dessa voz vir a público é pelo próprio cinema, em forma de, por exemplo, uma mostra de filmes.

E, a partir de hoje mesmo (9), é possível ouvir o que essa voz tem a dizer ao acompanharmos a programação da 2ª edição do Nicho Novembro, mostra de filmes online que disponibiliza até domingo (15) quatro longas-metragens e 12 curtas (sendo 8 premières brasileiras).

Heitor manda avisar que, neste 2020, a mostra está reunida “sob o mote ‘Audiovisual como direito ao trabalho’, o que nos permitirá trazer as especificidades da comunidade negra e pensar o cinema a partir de outros marcadores”.

Na diversidade da programação, histórias do Brasil, Quênia, Estados Unidos, Angola, Ruanda e França. Filmes que passaram por BlackStar, Berlinale, TIFF, Encontro de Cinema Negro, Clermont Ferrand, Sundance, Roterdã, Tribeca e outros festivais.

Os filmes ficam disponíveis sempre a partir das 19h, distribuídos ao longo de uma semana, e ficam acessíveis por 42 horas pela plataforma exclusiva da Nicho Novembro (clique aqui).

CURTAS – Os 12 filmes selecionados estão divididos em dois programas. Num deles, “Nós e os nossos” (10/11), Heitor adianta “que o programa geral propõe que sentemos na poltrona e nos permitamos a uma jornada por nossas memórias e pelas muitas jornadas de descobrimento que vivemos. Um som, uma música, uma viagem, um beijo”.

No segundo, “A cor do trabalho” (12/11), o programa “conversa de forma mais direta com o tema do ‘Nicho Novembro’. Nele a jornada tem um ponto de partida e um ponto de chegada muito marcado: o trabalho em cinema, particularmente para atores e atrizes. Os meandros, contudo, nos direcionam para muitos lugares: um impressionante documentário em primeira pessoa, uma reflexão íntima e profunda de um operário, um profissional da mentira”, conta o curador.

Há ainda dois curtas que merecem destaque. Um é o filme de encerramento, Deusa toda poderosa (Black Lady Goddess), “que habita simbolismos do afrofuturismo e tem um pé no curta, outro no produto seriado”. O outro curta é o angolano Lúcia no céu com semáforos, de Ery Claver e Gretel Marín. Este será exibido junto ao longa Ar condicionado, ficção também angolana de Fradique. Ambos exibem na ‘Sessão Geração 80’, programa que “homenageia a produtora angolana que completa uma década de atuação”.

LONGAS – Conforme adianta o curador, “nos quatro filmes há o atravessamento do trabalho para corpos negros. Os caminhos estéticos, todavia, são bem diferentes. O documentário verité marca Por toda a noite (Through The Night). Chegando ao Nicho Novembro após fazer a rota Tribeca-BlackStar-Encontro de Cinema Negro, o filme de Loira Limbal é um desses registros tocantes em que a intimidade desenvolvida entre realizadora, câmera e personagens nos permite acessos a realidades profundas”.

Outro destaque é Cavalo, de Raphael Barbosa e Werner Salles Bagetti, pelo “trabalho criativo, a pesquisa de raízes, a experimentação de som e imagem”. A obra é fruto das contribuições de sete dançarinos. Para Heitor, “o filme chama atenção por, entre outras coisas, promover entendimentos nada museificados de ancestralidade”.

E o último longa do Nicho Novembro 2020 “convida a uma nova forma de apreendermos Dorival Caymmi. Dorivando saravá, o preto que virou mar, de Henrique Dantas, dá a ver um compositor marcadamente negro e de obra com nítidas marcações negras e afro-religiosas. A presença de Dorivando… na nossa programação representa um importante marcador que se relaciona com a atuação do Nicho como um todo, que é rearranjar o imaginário”, conclui Heitor.

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