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Os 1970s que Amamos (#24)

A Vida Como ela É (Real Life, 1979)

Por André Pinto | 29.04.2021 (quinta-feira)

É a obra prima de Albert Brooks. A prova de que não envelheceu é que assistindo novamente, continua sendo uma crítica perfeita para os atuais reality shows que assolam as tevês nos últimos dez anos. Estamos falando de um mockumentary que já completou 42 anos.

A tristeza é que Real Life é uma pérola trancada em uma concha, escondida nas profundezas do esquecimento.  Continua sendo um filme de difícil acesso. A versão em DVD é rara, e já foi exibido algumas vezes no Canal TCM.

Albert Brooks, fazendo uma versão grotesca dele mesmo, é o produtor que pretende revolucionar o drama televisivo: pretende acompanhar com um “mínimo de interferência” a rotina de uma típica família americana. Usando tecnologia de ponta, pretende captar o dia a dia dos Yeager com câmeras compactas acopladas como capacetes nos operadores, juntamente com sensores infravermelhos de aproximação.

Cena de “A Vida Como ela É”

Com o aval do estúdio de tevê, e acompanhado de psicólogos especializados, a experiência tem início. Em pouco tempo, a megalomania de Albert Brooks põe toda a experiência a perder. Passa a manipular e interferir em várias situações cotidianas da família. Na ânsia de produzir um grande sucesso de audiência, trata todos os membros estudados como seus próprios personagens, numa trama de ficção. As câmeras agora passam a registrar todos os ataques de ego de Brooks. O produtor vira cobaia da sua própria criação, e o espectador se diverte com a sucessão de confusões vexatórias provocada pelo confronto de bastidores.

Em nenhum momento Brooks deixa cair o ritmo, mesmo quando alguns incidentes pesam para um lado mais amargo e realista. Notável perceber o quanto certos programas como Seinfeld, The Office e Curb Your Enthusiasm beberam desse estilo de comédia, décadas depois.

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