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Festivais

33º Cine Ceará (2023) – Noite de abertura

Festival reforça sua histórica vocação como mais importante espaço político do meio no Nordeste

Por Luiz Joaquim | 26.11.2023 (domingo)

– no palco do Cine São Luiz, a atriz Lola Amores e o diretor de A mulher selvagem, o cubano Alan González

FORTALEZA (CE) – Há uma atmosfera própria em eventos culturais quando estes acontecem em espaço gigantes, imponentes e envolventes como é o cinema São Luiz de Fortaleza. Com as dimensões estruturais que lembram as de seu irmão seis anos mais velho (o cine São Luiz do Recife), cujo pé-direito chega próximo aos 10 metros de altura, o eco provocado pelos aplausos de uma plateia com centenas de espectadores é, por si só, um espetáculo coletivo inigualável.

E foram muitos os aplausos que, ontem (25) tomaram a sala do cinema na bela Praça do Ferreira, centro de Fortaleza, decorada para o Natal. Ainda que extensa, foi emocionante a cerimônia de abertura do 33º Cine Ceará: Festival Ibero-americano de Cinema.

Na fala do diretor do festival, o incansável Wolney Oliveira, o tom foi pautado pela alegria de apresentar uma 33ª edição marcada pela dimensão recordista de títulos oferecidos – são mais de 80 filmes programados neste 2023 -, e pela presença de 11 longas-metragens cearenses (e mais 17 curtas do Estado) na programação. Já na fala do diretor Nordeste do Conexão Audiovisual Centro-Oeste, Norte, Nordeste (Conne), Maurício Xavier, o destaque foi sobre o protagonismo de Wolney para a criação desta jovem e necessária instituição para unir forças políticas para alcançar conquistas no âmbito federal.

Já o reitor da UFCE, Custódio Almeida, lembrou como é bom, mais do que isso, necessário ter de volta o Ministério da Cultura, enquanto a homenageada Bete Jaguaribe, produtora e professora cearense, fundamental no âmbito da implantação de política pública no campo do audiovisual, lembrou do avanço da presença das mulheres nesse universo ao longo dos últimos anos, sem deixar de pontuar que a estrada ainda é longa para se chegar na igualdade.

Ladeada pelas produtoras cearenses, Bárbara Cariry  (cuja nova produção Mais pesado que o céu exibe aqui na quarta-feira, 29/11) e Ticiana Augusto Lima (do novo Estranho caminho, que encerrará o Cine Ceará dia 1º/12), Jaguaribe as citou, como suas ex-alunas no curso de Cinema e Audiovisual da UFCE, para ilustrar a força do cinema cearense.

Bárbara Cariry, Bete Jaguaribe e Ticiana Lima em noite de homenagens no Cine Ceará

A última fala foi do também homenageado George Moura, roteirista pernambucano de filmes como Redemoinho e teleséries como Cidade dos homens e Onde está o meu coração. Das mãos da atriz Patrícia Pillar, Moura recebeu o troféu Eusélio Oliveira e lembrou da sua paixão juvenil pela poesia, do impacto ao ler Cão sem plumas, e de como o seu trabalho com as palavras foi responsável pela sua trajetória profissional.

FILMES – Antes do longa-metragem cubano – A mulher selvagem, de Alan González – abrir a mostra competitiva ibero-americana, o Cine Ceará exibiu Ilha das flores, clássico de Jorge Furtado, dentro do programa A cinemateca é brasileira, que vinha circulando por diversas cidades brasileiras desde setembro último.

Quando González subiu ao palco acompanhado pela sua protagonista, a atriz Lola Amores, salientou a alegria de estar no festival, já tão comentado por outros colegas cubanos.

Na manhã de hoje (26), durante a entrevista coletiva. González revelou sua surpresa ao saber que este seu primeiro longa, bastante duro em suas exposições, tenha sido escolhido para abrir o festival, sendo González um admirador do cinema brasileiro.

Lola Amores, em performance marcante como a Yolanda de “A mulher selvagem”

A mulher selvagem segue Yolanda (Amores), com a câmera sempre colada nas costas ou no rosto da atriz, logo após ser viralizado pela internet um vídeo de uma violenta briga entre o seu amante e o seu marido. A luta de Yolanda é para tentar resgatar e reconquistar o seu filho em meio a opressiva perseguição e condenação social a partir da sua intimidade violada de maneira tão brutal.

Lola Amores é o corpo e a alma deste filme que segue sua personagem em sua labiríntica via crucis na qual é previamente condenada como mãe e como mulher livre que ela é. O filme ilustra assim, de forma comovente, o que  González citou há pouco no debate: “as pessoas são, cada vez mais, pré-julgadas e recebem mais condenações do que mãos estendidas”.

viagem a convite do festival

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